Terapia em Alterações de Fluência (Gagueira)

A fluência se refere ao fluxo contínuo e suave da produção da fala. As disfluências são caracterizadas por rupturas involuntárias do fluxo da fala e são consideradas comuns em falantes, principalmente durante o processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem.

Estima-se que cerca de 75% das crianças apresentam disfluências que tendem a desaparecer em cerca de seis meses. No entanto, crianças que apresentam alguns fatores de risco como: outros distúrbios de comunicação associados, antecedentes familiares, famílias com perfis comunicativos desfavoráveis, ser do sexo masculino e apresentar caraterísticas psicológicas predisponentes, podem evoluir para quadros crônicos de gagueira.

A gagueira do desenvolvimento ou idiopática se inicia na infância, geralmente entre 18 meses e 7 anos de idade e tem etiologia multidimensional, desde por disfunção no sistema nervoso central, causa genética e influência de fatores ambientais, psicológicos e pessoais. Crianças pequenas podem apresentar manifestações clínicas no início do desenvolvimento de gagueira semelhantes às manifestações próprias da disfluência comum.

Estima-se que 20% das crianças e adolescentes podem perseverar na gagueira na vida adulta, o que pode causar impactos na qualidade de vida. Torna-se imprescindível, portanto, a avaliação e intervenção precoces junto às crianças disfluentes, mesmo nas que apresentam baixo risco para a gagueira, uma vez que sua etiologia é multifatorial e para se determinar o risco são necessárias provas específicas aplicadas pela profissional fonoaudióloga especializada.

Referências:

Andrade, CRF. Abordagens neurolinguística e motora da gagueira. In Tratado de Fonoaudiologia. Org.: Fernandes, FDM; Mendes, BCA; Navas, ALPGP. 2. ed. Ed. São Paulo: ROCA, 2009.
Andrade CMF. Gagueira infantil: risco, diagnóstico e programas terapêuticos.ed. científicos: Befi-Lopes DM, Witter GP, Russo ICP. Barueri, SP: Pró-Fono, 2012.
Merçon SMA, Nemr. K Gagueira e disfluência comum na infância: análise das manifestações clínicas nos seus aspectos qualitativos e quantitativos. Linguagem. Rev. CEFAC 9 (2), Jun 2007.